Soja bt e não-bt: qual a diferença no desempenho da cultura?
A eficiência do Brasil na produção de soja é tão notável que o país se mantém, há anos, como maior exportador da oleaginosa e segundo maior produtor do mundo. O grau de excelência do produto brasileiro é resultado, entre outras coisas, do Manejo Integrado de Pragas (MIP-Soja), que preconiza a utilização de diversas táticas de controle a fim de garantir a qualidade do plantio.
Uma dessas estratégia é a tecnologia da soja Bt, plantas geneticamente modificadas para serem tolerantes a pragas. A utilização de plantas Bt minimizam as perdas causadas por insetos e reduzem a utilização de inseticidas.
Para entender mais a fundo o que é a soja Bt e qual a diferença do desempenho dela para a soja normal, continue a leitura do artigo e entenda os benefícios dessa planta!
Qual a importância da soja para o Brasil?
A soja é a principal cultura agrícola do Brasil. A exportação da oleaginosa é uma das maiores movimentações da economia do país. Em março de 2020, a exportação de soja brasileira totalizou 11,64 milhões de toneladas, de acordo com dados do Ministério da Economia.
O complexo de soja é composto por grãos, farelo e óleo de soja, sendo uma das principais commodities mundiais. Os grãos são utilizados tanto na alimentação humana quanto para produção de farelo e óleo. O farelo é o principal ingrediente da nutrição animal.
A receita oriunda das exportações do complexo de soja ultrapassa os dez bilhões de dólares, e representa cerca de 8% do total de exportações do país, segundo a Embrapa. No entanto, embora os benefícios diretos da exportação de soja sejam grandes, maiores são os benefícios indiretos do seu extenso cultivo, que supera em mais de cinco vezes esse montante.
Um em cada quatro dólares exportados pelo agronegócio provém da soja, de acordo com a Embrapa. A liderança da oleaginosa promete se manter por muitos anos ainda, haja vista a crescente demanda por esse alimento no mercado mundial e o potencial que o Brasil tem para expandir a sua produção.
A expectativa é que em 2020 o Brasil se torne o maior produtor de soja, superando os EUA. Segundo o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), a produção brasileira deverá resultar em 123,5 milhões de toneladas de soja na safra 2019/2020 (temporada de fevereiro de 2020 a janeiro de 2021). Além disso, o USDA estima exportações de 75 milhões de tonelada de soja brasileira.
Qual a diferença no desempenho entre soja Bt e não Bt?
A soja Bt é uma planta desenvolvida para ser capaz de combater determinados insetos-praga. Para que a soja apresente essa resistência, foi inserido em seu DNA, por meio de biotecnologia, um gene que expressa uma proteína que é tóxica para alguns insetos como lagartas, moscas e besouros. Esse nutriente, entretanto, não tem efeito sobre o ser humano.
Essa proteína é naturalmente produzida pela bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), encontrada no solo. Os cientistas ao perceberem o seu efeito tóxico, identificaram no seu DNA os genes responsáveis pela expressão das proteínas inseticidas e, em seguida, os introduziram na soja, mas também em outras plantas como milho, algodão e cana.
Dessa forma, quando o inseto ingere a planta geneticamente modificada, as proteínas do grupo Cry presente na soja Bt se ligam a um receptor específico que está no intestino do inseto. Isso faz com que os animais acabem morrendo poucos minutos depois.
O cultivo da soja Bt é vantajosa tanto economicamente quanto em produtividade, dado a sua eficiência no controle de pragas. Além disso, por a planta conseguir produzir a proteína inseticida, essa se mantém do o início até o fim do ciclo de plantio. Diferente das formulações de inseticidas químicos convencionais que se perdem com a lavagem ou com a degradação solar.
No Brasil, desde que as sementes de soja Bt começaram a ser utilizadas em 2013, o manejo da lavoura de soja evoluiu bastante. As características das sojas transgênicas — tolerantes a herbicida — somadas a resistência à inseto contribuíram para que a produção da oleaginosa desse um salto de 144%, entre 2013 e 2019, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Além disso, dados do acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos divulgados pela Conab, demonstram ainda que em termos de rentabilidade, a soja Bt tem ligeira vantagem sobre a soja convencional e larga vantagem sobre a soja RR.
Isso porque, se considerarmos que 25% das perdas nas lavouras são causadas por insetos-pragas, a utilização de outros tipo de produtos que apresentam mais resistência auxiliam no manejo integrado e no aumento da produtividade.
Como é dividida a produção de soja Bt e não-Bt no Brasil?
O cultivo de soja no Brasil é predominantemente dividido em três sistemas de produção, que se diferenciam pelas características tecnológicas utilizadas. Sendo:
- soja convencional: não geneticamente modificada;
- soja RR (Roundup Ready): geneticamente modificada para evitar herbicidas;
- soja Bt ou IPRO (Bt+Roundup Ready): geneticamente modificada para evitar insetos e herbicidas.
Com maior rentabilidade, 60% da área destinada à cultura da soja é composta pela produção da soja Bt. Segundo dados da Embrapa, só no Mato Grosso do Sul — um dos principais estados produtores — a produtividade estimada dessa oleaginosa para safra de 2019/2020 foi de 3.600 kg/ha, já para soja RR foi de 3.300 kg/ha e da convencional 3.600 kg/ha.
Esse valores foram adotados tendo em vista resultados identificados informalmente por produtores e técnicos, que apontaram que os cultivares da soja Bt e convencional têm um maior potencial produtivo que a soja RR.
Esses dados também mostram que, depois de perder mercado para as sojas transgênicas em todo o país, a soja convencional voltou a ocupar mais espaço nas lavouras, ultrapassando inclusive a soja RR.
Isso porque, nas últimas safras, houve um aumento significativo na procura por cultivares convencionais. Na União Europeia, por exemplo, existem restrições que determinam que os animais sejam alimentados exclusivamente com grãos não geneticamente modificados, segundo relatório da Global Protein Ingredients.
Dessa forma, embora o cultivo de soja Bt proporcione maior rentabilidade para o produtor, uma vez que a porcentagem de perda é menor. Com o crescimento do mercado por soja não transgênica, as cultivares convencionais podem oferecer maior valor agregado ao produto. Portanto, o ideal é investir em um manejo mais integrado da sua lavoura, com rotação de produtos.
Agora que você entendeu as diferenças no desempenho de soja Bt e não-Bt, deixe seu comentário e compartilhe com a gente as suas dúvidas!