O que é a requeima e como controlar essa doença?
Se você cultiva batata ou tomate, já deve ter se deparado com diversas doenças na sua produção. Um problema fitossanitário recorrente nestes cultivos é requeima. No entanto, muitos produtores ainda não sabem como manejar a doença.
Neste artigo há orientações para que você conheça mais sobre a doença e possa manejá-la com eficiência. Boa leitura.
O que é a requeima?
É uma das doenças mais importantes das culturas da batata e tomate e pode ocasionar perdas de até 100% das lavouras.
A espécie causadora dessa doença é o patógeno Phytophthora infestans do grupo dos Oomycetos (antes classificados como fungos) e ataca os tecidos mais novos das plantas como folhas, frutos, caules, pecíolos, hastes e tubérculos, sobrevivendo ainda nos solos.
O patógeno apresenta duas formas de propagação: assexuada e sexuada.
As estruturas assexuadas de propagação são os esporângios e os zoósporos. Os esporângios são produzidos nos esporangióforos, estrutura essa que cresce e produz esporângios continuamente. Os esporângios germinam diretamente quando a temperatura do ambiente está entre 21 e 26 °C. Abaixo de 18 °C os esporângios produzem seis a oito zoósporos, os quais requerem água para se locomover. Cada zoósporo individualmente é capaz de iniciar uma infecção, o que explica a razão pela qual a doença é mais severa em condições úmidas e com temperaturas amenas.
O processo de reprodução sexuada envolve a participação de indivíduos geneticamente distintos e contribui para o aumento da variabilidade genética da população. Os indivíduos são classificados em dois tipos de compatibilidade: A1 e A2. A reprodução sexuada ocorre somente quando os dois grupos coexistem na mesma área, na mesma planta ou na mesma lesão, e ocorre a troca de material genético. Como resultado, formam-se os oósporos, esporos de parede espessa, adaptados a resistir às condições adversas do ambiente. Os oósporos se formam em maior número nas hastes da planta do que nas folhas, provavelmente pelo fato de os caules sobreviverem por mais tempo no campo. Quando ocorre a decomposição das plantas afetadas, os oósporos são liberados no solo e passam a atuar como fonte de inóculo para futuros ciclos da doença. A importância dessa doença está no controle, que se torna de difícil devido a rápida germinação do fungo, curto período latente, proliferação com umidade livre sobre os tecidos (folhas, hastes e frutos) e ocorrência de reprodução sexuada e a formação de oósporos, que ocasionam maior resistência.
Quais são os principais sintomas da doença?
Os sintomas variam em função da temperatura, umidade, da intensidade luminosa e do cultivar do hospedeiro e são encontrados em diferentes estruturas das plantas:
- Folhas: manchas de tecido encharcado, frequentemente no bordo basal. Persistindo clima úmido, as manchas aumentam rapidamente de tamanho, originando áreas pardas necrosadas com bordos indefinidos. Podem se formar um mofo esbranquiçado nas bordas das lesões na página inferior das folhas. O tecido do limbo foliar é colonizado determinando a morte da folha, as quais se tornam flácidas. O fungo pode migrar de um folíolo para outro via pecíolo terminando por matar a planta. Sob molhamento contínuo, todos órgãos aéreos suculentos podem ser necrosados, apodrecer e exalar odor característico de tecido morto. Por outro lado, com clima seco a atividade do fungo é paralisada. Nesse caso as lesões paralisam o crescimento, tornam-se negras, enrugadas, murchas e os sinais deixam de ser visualizados na face inferior das folhas. Quando o clima torna-se novamente úmido o fungo reassume suas atividades e a doença novamente desenvolve-se rapidamente.
- Caules, pecíolos e hastes: forma lesões escuras geralmente superficiais, quebradiças e que podem resultar na morte da porção acima das lesões.
- Frutos e tubérculos: Os tubérculos infectados mostram inicialmente, manchas pardas ou púrpuras constituídas de tecido encharcado escuro, pardo-avermelhado que se aprofundam 5 a 15 mm para o interior dos tecidos sadios do tubérculo. Mais tarde, as áreas afetadas tornam-se rígidas, secas e levemente deprimidas. Os tubérculos infectados podem ser posteriormente invadidos por fungos e bactérias saprofíticos, causando podridão mole e exalando um odor desagradável pútrido. No caso do tomateiro, os frutos apresentam manchas irregulares, escuras, de coloração marrom-pardo, causando uma podridão dura sem promover a queda.
Quais condições são favoráveis para o desenvolvimento da doença?
A requeima é uma das principais doenças nas culturas da batata e tomate e temperaturas abaixo de 25°C e elevada umidade relativa do ar (>90%), favorecem o aparecimento dos sintomas, que sob estas condições, espalha-se rapidamente na lavoura, podendo causar perda total em poucos dias pela destruição da folhagem.
3 a 4 horas de molhamento foliar atreladas as temperaturas mais amenas, excesso de nitrogênio e a presença de plantas hospedeiras como petúnia, figueira do inferno, picão-branco, gerânio, corda-de-viola, maravilha, falso-joá-de-capote, joá-de-capote, maria-pretinha e ainda as espécies comerciais berinjela, pimentão, cacau e fumo bem como a disseminação pelo vento, favorecem a proliferação da doença.
Como controlar a requeima na lavoura?
Para controlar a requeima, é recomendado o manejo integrado de doenças (MID).
Dentro deste manejo estão o uso de cultivares resistentes de batata e tomate, o manejo desde o plantio e a aplicação preventiva de fungicidas.
Uso de cultivares resistentes
A suscetibilidade das cultivares pode variar de acordo com as condições climáticas, as raças do patógeno existente na área, a pressão de doença na região, além da época de plantio e espaçamento das plantas. Por isso:
- obtenha sementes com algum nível de resistência;
- evite plantios sucessivos numa mesma área;
- realize um bom preparo do solo;
- elimine restos de culturas anteriores.
Controle desde o plantio
Durante o cultivo tanto de batata quanto de tomate, opte por:
- uma adubação nitrogenada equilibrada;
- eliminação de hospedeiras alternativas próximas à área de produção;
- plantios menos adensados;
- manejo adequado da irrigação.
Aplicação preventiva de fungicidas
A aplicação de fungicidas contra a requeima precisa ser feita ao longo de todo cultivo do tomate e batata. Recomenda-se que a aplicação seja feita entre quatro a dez dias, a depender do clima, do desenvolvimento da cultura e da pressão da doença na região.
Para evitar a ocorrência de resistência aos fungicidas, recomenda-se a utilização de produtos sistêmicos alternados ou formulados com produtos de contato. Além disso, deve-se evitar o uso repetitivo de fungicidas com o mesmo mecanismo de ação.
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