Plantas daninhas resistentes: como lidar com elas na lavoura
O agricultor vivencia diversos desafios para garantir a sanidade e a boa produtividade da sua lavoura, assim como a qualidade dos produtos. Entre eles está o controle de plantas daninhas resistentes, que são difíceis de manejar e precisam de estratégias e produtos eficientes.
O capim-amargoso (Digitaria insularis), muito comum em plantações de soja, algodão e milho, também está apresentando resistência aos herbicidas. Ele e outras espécies competem com os cultivos e aumentam os custos da produção, daí a importância de um manejo adequado e realizado no tempo certo.
Para ajudar você a lidar com essas plantas daninhas resistentes, preparamos este artigo com o objetivo de apresentar um pouco mais sobre o capim-amargoso, as opções de manejo e o que deve ser considerado na hora de escolher a melhor solução para a sua lavoura. Confira!
O que são plantas daninhas resistentes?
As plantas daninhas resistentes se desenvolvem nas áreas de lavoura, se reproduzem de forma acelerada e disputam com os cultivos por espaço, água e nutrientes. Elas recebem essa classificação porque alguns biótipos são mais difíceis de controlar, ou seja, sobrevivem à aplicação de herbicidas que antes eram eficientes.
Os produtores de soja, milho e algodão têm o grande desafio de controlar a disseminação destas plantas, entre elas o capim-amargoso (Digitaria insularis). Isso porque essa espécie tem apresentado resistência ao herbicida glifosato, um herbicida muito utilizado na agricultura. O primeiro relato sobre um biótipo de amargoso resistente ao glifosato foi feito em 2006, no Paraguai. No Brasil, o primeiro registro foi em 2008 e atualmente plantas resistentes são encontradas em todas as regiões produtoras do país.
A resistência dessa espécie se dá em função desses biótipos apresentarem uma absorção lenta do glifosato, além de metabolizar mais rapidamente em sarcosina, glioxilato e AMPA. Além disso, os bióticos resistentes têm uma translocação menor em relação àqueles que são suscetíveis ao herbicida.
As áreas de cultivo da soja Roundup Ready® também estão aumentando e favorecendo o uso do glifosato nessa cultura. Assim, a quantidade maior de aplicações desse herbicida tem aumentado a incidência de plantas daninhas resistentes, inclusive o capim-amargoso.
Conheça o capim-amargoso
Como explicamos, o capim-amargoso está entre as plantas daninhas resistentes a herbicidas. Essa espécie é uma gramínea com boa adaptabilidade, que consegue emergir e se desenvolver na lavoura durante todo o ano, independentemente das condições climáticas.
Quando a planta já está estabelecida, ocorre a formação de rizomas. Por isso, o produtor encontra uma grande dificuldade para fazer o controle dessa espécie e, em função da sua resistência ao herbicida, o desafio se torna ainda maior.
O capim-amargoso, embora apresente um ciclo perene, produz um grande número de sementes que se disseminam facilmente com o vento. Daí a sua alta capacidade de se espalhar por toda a área e competir com o cultivo, prejudicando a produção.
No início do seu ciclo, essa planta tem um crescimento lento. Porém, entre os 45 e 105 dias após a emergência ela cresce rapidamente e, consequentemente, ocorre um aumento exponencial da massa seca, momento que coincide com a formação dos rizomas. Suas inflorescências surgem entre 63 e 70 dias.
Embora possa incidir em qualquer época do ano, quando o fotoperíodo é maior, o desenvolvimento dessa planta se mostra mais rápido em função do estímulo ao florescimento. Assim, a emissão da sua panícula também é mais rápida e isso aumenta o acúmulo de massa seca.
O produtor precisa estar atento à presença do capim-amargoso em sua lavoura de soja. Afinal, a utilização do glifosato gerou um certo conforto pela possibilidade de fazer o controle dessa planta quando ela está em um estágio mais avançado.
No entanto, os períodos iniciais de convivência entre as plantas de soja e as daninhas acarreta em perdas na produtividade, e isso se dá ainda que a invasora receba um controle posterior. O prejuízo é ainda maior quando ele se depara com plantas daninhas resistentes, por serem difíceis de controlar e, com isso, aumentarem os custos da produção.
Saiba como lidar com as plantas daninhas resistentes
As plantas daninhas resistentes são um grande desafio para a manutenção da produtividade da lavoura, mas o correto manejo da cultura de soja e de outros cultivos é fundamental para proteger a lavoura.
Não podemos agir apenas quando o capim-amargoso já estiver desenvolvido, uma vez que a convivência inicial, como dito, prejudica as plantas. Portanto, o ideal é que o período de controle aconteça até os 45 dias após a emergência (DAE), pois nesse período os rizomas ainda não se formaram.
Entretanto, o período de interferência pode variar de acordo com as características das cultivares de soja, sendo velocidade de estabelecimento, fechamento do dossel e exploração do sistema radicular. Considera-se, ainda, o espectro de plantas daninhas na lavoura, como as espécies recorrentes, a distribuição na lavoura e a densidade populacional.
Também é possível fazer o controle do capim-amargoso na fase de pré-emergência por herbicidas com mecanismos de ação diversos, como:
- divisão celular;
- fotossistema II;
- síntese de carotenoides;
- ALS;
- protox.
A aplicação de herbicidas na fase de pré-emergência da soja com produtos que apresentem efeito residual contribui para evitar a interferência das espécies invasoras ao longo do ciclo da cultura. Assim, o controle químico assertivo se mostra bastante eficiente contra o capim-amargoso e outras plantas daninhas resistentes.
Na pós-emergência, o controle de capim-amargoso pode ser realizado com inibidores da ACCase, conhecidos também como graminicidas. O herbicida Poquer® é um graminicida pós-emergente com amplo espectro de controle sobre capins, como capim-amargoso, milho voluntário e azevém. Além disso, é altamente seletivo para culturas de folhas largas, como soja, algodão e feijão.
Veja o que considerar na hora de escolher uma solução
Como você pôde ver, existe mais de uma alternativa para fazer o controle das plantas daninhas resistentes. Sendo assim, na hora de escolher uma solução é preciso considerar alguns fatores, que vão garantir a eficiência da estratégia adotada.
Um desses fatores é o estágio de desenvolvimento da lavoura e das plantas invasoras. Além da aplicação do herbicida no período correto, a formulação dos produtos também faz toda a diferença.
O controle das plantas daninhas resistentes é essencial para garantir o bom desenvolvimento de culturas variadas. Gostou das dicas? Temos muitas informações úteis para compartilhar com você e podemos enviar para o seu e-mail. Assine a nossa newsletter e receba em primeira mão!