O que são fungicidas multissítios?

Em diversas culturas o controle químico de fungos fitopatogênicos é feito com o uso dos fungicidas. Dessa forma, é possível proteger a lavoura da ação desses organismos. Dentre esses produtos, os fungicidas multissítios desempenham um papel importante.

Por isso, neste artigo vamos reforçar como esse tipo de fungicida atua, de que forma eles podem ser empregados, quais cuidados devem ser tomados na aplicação e como isso ajuda na manutenção da produtividade da lavoura. Boa leitura!

O que são fungicidas multissítios?

De forma geral, os fungicidas multissítios são aqueles produtos desenvolvidos com a capacidade de agir em mais de um sítio de ação nos fungos, garantindo uma maior probabilidade de controle e reduzindo a ocorrência de resistência.

Em outras palavras, os multissítios agem em mais de um alvo dentro do fungo, assim essa multiplicidade de locais de ação torna-os com baixo risco para resistência.

Normalmente, eles são não-curativos e não-sistêmicos, oferecendo melhores resultados quando aplicados preventivamente nas plantas. Não custa lembrar que os fungos são organismos com capacidade de parasitar plantas e assim causar doenças que comprometem o desenvolvimento adequado do vegetal. Assim, muitas culturas sofrem com a proliferação de fungos fitopatogênicos e o prejuízo pode ser irreversível, se nada for feito.

Qual a importância desse tipo de fungicida?

Nos últimos anos, os fungicidas multissítios têm sido utilizados em áreas de grandes culturas, como soja, milho e algodão. Contudo, até meados da década passada, não havia fungicidas do tipo com registro aprovado para boa parte dessas culturas. Seu uso era mais comum no segmento de frutas e hortaliças.

Isso começou a mudar quando aumentou a percepção de casos de resistência dos fungos aos fungicidas sítio-específicos. E essa é uma das grandes vantagens dos fungicidas multissítios.

Seu grande escopo de ação em relação ao fungo-alvo faz com que se reduza bastante a pressão evolutiva do patógeno, diminuindo as chances do desenvolvimento de resistências. A resistência de fungos à fungicidas reduz o controle desses fungos, fazendo com que o produto aplicado perca eficácia com o passar do tempo.

Qual a diferença entre fungicidas multissítios e sítio-específicos?

Para entender melhor o papel dos fungicidas multissítios na prevenção do desenvolvimento de fungos resistentes, vamos antes diferenciar esse tipo de fungicida de outras classes disponíveis no mercado, em especial os sítio-específicos.

Como o próprio nome indica, os fungicidas sítio-específicos têm ação específica, tendo como alvo apenas um local dentro fungo. Dessa maneira agem, por exemplo, bloqueando apenas determinada enzima, proteína ou via metabólica.

Os produtos sítio-específico têm, em sua maioria, propriedades sistêmicas, ou seja, se deslocam pelos vasos condutores das plantas. Além disso, as aplicações são mais amplas que os multissítios, que são comumente não-sistêmicos. Por isso, diferentemente dos multissítios, os produtos sítio-específicos podem atuar também na prevenção de doenças. Apesar das diferenças, fungicidas sítios-específicos podem ser combinados aos fungicidas multissítios para ampliar a eficácia do controle quando feita a aplicação na lavoura e reduzir problemas relacionados a resistência fúngica, como já mencionamos.

O que é a resistência dos fungos e como evitar que isso ocorra?

A resistência dos fungos se dá pela combinação de dois aspectos comuns a esse tipo de organismo: sua grande variedade genética dentro de uma mesma população e sua rápida reprodução.

Dessa forma, após sucessivas aplicações de fungicidas com o mesmo mecanismo de ação, sem o cuidado de adotar outras ações de manejo, pode acontecer de parte dos fungos desenvolverem estratégias para sobreviver e continuar a se proliferar. A partir disso, as gerações seguintes serão majoritariamente resistentes, comprometendo o controle dos fungos.

Para evitar que isso aconteça, é necessário tomar alguns cuidados. O primeiro deles é com relação à rotação dos ativos dos fungicidas utilizados (empregando produtos com diferentes mecanismos de ação), O segundo é o emprego de produtos sempre nos intervalos e nas doses indicadas pelo fabricante, além da adoção do manejo integrado de doenças (MID) e do suporte adequado de profissionais capacitados.

Logo, ao atuar em mais de um sítio de ação nos fungos após sua aplicação, é que os fungicidas multissítios ajudam bastante na redução da pressão de seleção, freando o processo de surgimento de populações de fungos resistentes.

Como utilizar os fungicidas na lavoura?

Para obter os melhores resultados com os fungicidas multissítios, é necessário tomar uma série de cuidados na hora da aplicação. O primeiro envolve reforçar a necessidade da correta distribuição do produto no alvo biológico.

Assim, é importante que a planta receba uma boa cobertura de produto em toda a sua superfície, uma vez que elas dependem desse contato para agir de forma adequada no combate aos fungos.

Vale lembrar também que o uso isolado de fungicidas multissítio não é recomendado para lavouras com doenças já instaladas. Em outros contextos, é comum que fungicidas multissítios sejam empregados como reforço de fungicidas sítio-específicos de ação sistêmica.

Já há, inclusive, produtos formulados que combinam diferentes tipos de fungicidas para alcançar uma maior eficácia e reduzir a preocupação com o surgimento de espécies resistentes. Essas formulações combinam fungicidas de ação sítio-específico e multissítios em uma única solução.

Isso garante uma ação completa sobre o fungo por meio de diferentes mecanismos, aumentando a produtividade e reduzindo custos. Por isso, conte sempre com a ajuda desses produtos para obter os melhores resultados.

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