Antracnose na soja: entenda de vez como prevenir e controlar
Uma das grandes preocupações do agronegócio atualmente é o aumento da produtividade e o combate aos problemas climáticos e doenças que atacam as culturas.
A antracnose na soja é um grande problema nas plantações do Brasil, uma vez que as consequências da sua presença podem comprometer toda a colheita, trazendo prejuízos econômicos aos produtores.
Neste artigo, explicaremos como fazer a prevenção e o controle dessa doença, tendo como base algumas boas práticas, que vão do plantio à colheita dos grãos. Continue a leitura e entenda como manter a sua plantação saudável!
O que é a antracnose na soja?
A antracnose é uma das principais doenças da soja, causada pelo fungo Colletotrichum truncatum. Tal doença tem forte presença nas regiões tropicais do Brasil — no sul do país, ela costuma aparecer especialmente nas estações mais chuvosas.
Entre seus principais impactos está a baixa na produtividade, prejudicando o desenvolvimento inicial de plantas e levando ao abortamento das vagens, além de danos parciais no enchimento dos grãos.
Um ponto de atenção quanto à antracnose é que ela pode estar presente na semente da soja e sobreviver em restos da cultura. Quando infectadas, as sementes são fonte de inóculo primário, mas isso não significa que haverá transmissão para as plântulas. Para que ocorra a transmissão, é preciso que as condições climáticas e a localização dos patógenos estejam “favoráveis” a tal desenvolvimento.
A identificação da doença pode ser feita por meio de uma análise da lavoura. Geralmente, as sementes apresentam manchas deprimidas de tonalidade, têm coloração castanho-escura (dependendo do estágio, apresentam a coloração castanho-escura a preta) e ficam retorcidas.
Como acontece o desenvolvimento da doença?
O desenvolvimento da antracnose acontece a partir de sementes, assim como de restos de cultura infectados, como mencionado, sendo que a disseminação é mais propensa no vento e em respingos de chuva.
Outros aspectos que favorecem a disseminação são a temperatura, na faixa de 18 e 25ºC, assim como o molhamento foliar de forma prolongada e a alta população de plantas.
Quando a semente já está infectada, o desenvolvimento pode fazer com que as plântulas morram durante o seu processo de germinação. No caso da floração, a transmissão é feita do inóculo para a flor, o que impede a fecundação e a formação dos grãos.
Outro aspecto a ser considerado é o atraso na colheita ou a precipitação em acesso, que promovem a contaminação em massa dos grãos. Tudo isso exige uma postura proativa de contenção da doença, começando pelo monitoramento da cultura. Entenda melhor a seguir.
Monitoramento da cultura
O monitoramento da cultura é essencial para impedir o desenvolvimento da doença. Segundo a Embrapa, a amostragem de 10 plantas a cada 5 hectares, 14 plantas em 6 a 10 hectares, ou mesmo 18 plantas em 11 a 15 hectares ajudam na análise mais exata da presença da antracnose.
A frequência do monitoramento deve ser feita semanalmente, levando em consideração a presença ou ausência de sintomas, como as manchas necróticas distribuídas de maneira irregular ou circular. A avaliação de necroses nas flores e engaço ou ráquis em oito inflorescências também indicam a presença da doença.
No caso dos frutos, vale a pena avaliar a presença ou ausência de sintomas, com depressão na superfície e progressão visível para a polpa. As ações preventivas devem incluir inspeções semanais de duas a três vezes na semana na área de toda a plantação.
Quais são os principais desafios enfrentados pelos produtores?
Clima e falta de mão de obra especializada são alguns dos principais desafios enfrentados pelos produtores no que diz respeito à antracnose. A começar pelo clima, temos uma variabilidade alta no nosso país, o que tem impacto direto sobre a produtividade agrícola.
Um dos fatores mais prejudiciais e que favorecem o surgimento da antracnose é o tempo bastante úmido, com precipitações excessivas.
Por último, ainda temos o desafio da mão de obra. Os produtores precisam estar preparados para enfrentar tais doenças, mas não só eles: as outras pessoas que trabalham nessa cadeia de produção também. Isso facilitaria a identificação mais eficiente do problema e, consequentemente, levaria a uma solução mais rápida.
Como fazer o manejo e o controle da doença?
Não basta monitorar, é preciso agir para controlar a doença. Por isso, todo cuidado é pouco e boas práticas de manejo são essenciais. O primeiro passo é usar sementes limpas e que estejam livres desse patógeno. Elas podem ser obtidas por meio de produção em áreas livres da doença.
O ideal é que as sementes sejam tratadas com defensivos, a fim de reduzir a introdução da doença no campo por meio de sementes infectadas ou contaminadas de maneira superficial.
A estratégia de rotação de culturas com espécies não-hospedeiras do patógeno é outra atitude importante para barrar o desenvolvimento da antracnose. Como o fungo Colletotrichum truncatum sobrevive em restos de cultura, é necessário que a rotação seja feita, a fim de reduzir a sua incidência nas áreas de plantio. Caso isso não seja feito, poderá existir um aumento na população do fungo devido à doença, causando perdas na produtividade.
Outra ação importante é o arranjo populacional das plantas, assim como o provimento da nutrição adequada para elas, a fim de que a defesa seja reforçada. Por isso, além do uso de cultivares menos suscetíveis, é fundamental que os produtores cuidem para que os níveis de água e a adubação estejam adequados às necessidades.
É de suma importância que o uso de defensivos seja implementado para impedir uma possível disseminação da doença. Tais produtos devem ser aplicados de maneira intervalada, não ultrapassando a quantidade de dias indicados, além de prestar atenção à utilização de produtos eficientes. Deve-se adicionar os reforços para a ampliação do espectro de controle e redução do risco de resistência.
A antracnose na soja pode ser bastante prejudicial à plantação, portanto, quanto mais cedo for feita a sua identificação e, consequentemente, o tratamento da cultura, mais eficiente será a sua eliminação.
E então, ficou com alguma dúvida sobre como eliminar a antracnose da sua lavoura ou precisa de dados sobre a sua identificação? Deixe o seu comentário!