Boas práticas de gestão da água na agricultura

A água é um recurso fundamental para a vida humana. Desde a sua ingestão direta até a produção de alimentos, é impossível garantir a nossa subsistência sem ela. É por isso que o papel da água na agricultura é tão importante.

Com o crescimento populacional geral, a demanda por produtos de origem agrícola só cresce. Com isso, para aumentar sua produção, os agricultores precisam encontrar alternativas sem prejudicar o meio ambiente.

Por isso, hoje se fala tanto em boas práticas da gestão da água na agricultura. Você quer saber mais? Então, vem com a gente!

Como está o uso da água no Brasil?

No Brasil, a água é usada para irrigação, para abastecimento, nas indústrias, na geração de energia, no turismo e lazer, e para muitos outros fins. Justamente por essa ampla aplicabilidade, o conhecimento sobre o seu uso está sendo constantemente aprimorado.

Além disso, é preciso considerar que a irrigação é fundamental para o cultivo de muitas lavouras. Em algumas regiões, ela é fornecida em quantidade suficiente para atender à demanda das plantas de maneira natural. Em outras, no entanto, é preciso encontrar meios para complementar esse fornecimento.

Onde existe a deficiência de chuva e períodos de extremo calor, o produtor se torna obrigado a recorrer à irrigação. Mesmo naqueles períodos de chuva, um bom sistema de irrigação pode evitar a escassez desse recurso e garantir uma melhor produtividade.

Como a atividade agrícola é bastante volumosa em solo brasileiro, é importante pensar em meios para otimizar o uso da água no segmento, afinal, esse é um recurso finito. Para evitar desperdícios e o seu mau uso, é preciso conhecer a quantidade de água demandada por cada planta, além da disponibilidade natural do solo e as condições climáticas que alteram o consumo hídrico da planta.

A EOS consultores sintetizou alguns dados relevantes do mercado sobre o uso da água no Brasil em relação à agricultura, veja:

  • o IBGE indica que as culturas mais irrigadas no Brasil são a cana-de-açúcar, a soja, a laranja, o feijão, o arroz, o café, a cebola, a melancia, o algodão e o trigo;
  • a Embrapa aponta o método pressurizado como o sistema de irrigação predominante no país;
  • 35% desse método é utilizado em sistemas convencionais, 19% em pivôs e 8% em sistemas localizados;
  • de acordo com a FAO, 60% da água de projetos de irrigação é perdida, por evaporação ou outro fenômeno;
  • uma redução de 10% nesse desperdício poderia abastecer o dobro da população mundial.

Apesar de tudo isso, a água é um recurso fundamental para aumentar a produtividade das culturas, aumentar a oferta de alimentos e, consequentemente, reduzir os preços para quem compra.

Qual é a importância da água na produção agrícola?

A agricultura demanda o uso da água para a produção de alimentos e insumos, além da manutenção das lavouras em diferentes regiões. Sem ela, os campos perdem produtividade e o produtor rural acaba sofrendo consequências bastante desastrosas.

Em geral, é natural que as plantas fiquem expostas a uma quantidade bem numerosa de variações no ambiente onde estão. Então, para sobreviver, elas se ajustam. Isso é possível por meio de um mecanismo de defesa que faz com que elas “sintam” os chamados estresses abióticos, geralmente provocadas pelo clima na agricultura, como as secas, as altas ou baixas temperaturas, o encharcamento e assim por diante.

Em função da sua frequência e da duração, as secas têm sido um dos maiores problemas enfrentados na lavoura, já que impactam diretamente sua produtividade e podem até ocasionar riscos à segurança alimentar no mundo todo. Por isso, a água é um assunto levado tão a sério nesses espaços.

A disponibilidade de água é fundamental para o estabelecimento das plantas. Sem ela, a cultura não consegue transpirar da maneira adequada, o que afeta seu comportamento morfológico e fisiológico.

A seca causa o esgotamento da água armazenada no solo. Por isso, as práticas de manejo consideradas mais eficientes são aliadas para tentar conter os prejuízos. Alguns produtores rotacionam suas culturas e escolhem cultivares que se adaptam melhor à região, fazendo com que o período de exigência hídrica da planta não coincida com os meses mais quentes e secos.

Essa é uma estratégia importante para evitar prejuízos às fases de desenvolvimento das culturas. Além disso, ajuda a promover a conservação dos recursos hídricos da propriedade.

Por que fazer a gestão do uso da água na agricultura?

É preciso ficar atento à importância do planejamento da gestão de água na agricultura para otimizar o consumo hídrico e corrigir os processos que geram desperdício. Evitar o déficit hídrico deve estar entre as prioridades do produtor rural.

É preciso ter em mente que, ao mesmo tempo em que as plantas demandam um ambiente altamente hidratado, o ar (que fornece luz e CO2 para a produção de biomassa) é realmente seco. Com isso, a atmosfera se torna a principal responsável pela perda de água por evaporação e transpiração.

Se esse é um processo natural da planta e do ambiente em que ela está inserida, então, é necessário adotar estratégias inteligentes para minimizar os danos desse processo, certo? E isso é conquistado por meio de uma única medida: otimizar a água que fica armazenada no solo e disponível para as culturas.

Para tanto, é preciso se preocupar em fazer uma gestão que melhore o manejo do solo e possibilite a maior infiltração da água das chuvas. Desse modo, aumenta-se o reservatório natural de água, de onde as plantas captarão aquilo que precisam.

Além disso, é necessário fazer a manutenção de resíduos na superfície, optar por práticas de plantio em nível, realizar a manutenção das vegetações de áreas em declives, em nascentes e nas margens dos rios, por exemplo. Isso tudo vai fornecer condições de estabelecer uma agricultura não-irrigada.

Parte dessa estratégia deve ser dedicada ao planejamento da época de semeadura, de tal maneira que a fase de maior consumo hídrico da planta coincida com a época de disponibilidade hídrica, ou seja, muita chuva e pouco calor. Também é preciso optar por variedades mais resistentes ao déficit hídrico.

Já se a opção for a agricultura irrigada, é preciso desenvolver um bom sistema de manejo e monitoramento da irrigação. Assim, o produtor evita perdas e desperdícios, além de aproveitar os recursos hídricos do solo.

Em resumo, a população mundial vem crescendo exponencialmente, demandando recursos principalmente de alimentação. Com isso, o produtor se vê obrigado a produzir mais no mesmo espaço, para atender à demanda global. A única forma de fazer isso é por meio do aumento da produtividade, que depende diretamente da disponibilidade de água.

No entanto, o uso desmedido do recurso pode prejudicar o meio ambiente, já que a demanda do setor agrícola é bastante expressiva. Sendo assim, além da conscientização do produtor, é crucial adotar medidas que otimizem o consumo de água sem prejudicar as lavouras.

Quais são as consequências da falta de água para a agricultura?

A falta desse recurso causa um grande impacto na economia, no meio ambiente e na subsistência humana. Com a crescente demanda pelo aumento da produção alimentícia e de outras matérias-primas que vêm do campo, é preciso alcançar uma maior eficiência nos sistemas de produção e, é claro, de irrigação.

Portanto, não se trata apenas de diminuir o consumo de água na agricultura a qualquer preço. É preciso encontrar meios de fazer isso sem afetar a produtividade. Logo, é preciso pensar em formas de aumentar a sustentabilidade das propriedades rurais.

Com um uso desmedido da água, além do risco crescente de crises hídricas, poderíamos esperar um desequilíbrio na distribuição desse recurso. Por mais que a agricultura continue recebendo uma quantidade suficiente de água, todo o restante da população seria prejudicado. O custo para tratamento da água aumentaria, os impostos também e o próprio custo dos produtos agrícolas sofreria reajustes.

A alta demanda e a baixa disponibilidade do recurso resultaria em um aumento substancial na conta de água de todo mundo. Além de aumentar a desigualdade no que tange o acesso a um insumo tão fundamental para os seres humanos.

Como garantir boas práticas de irrigação na agricultura?

Quer melhorar a eficiência hídrica na sua lavoura? Fique de olho nas dicas abaixo!

Levantar a relação de chuvas e a disponibilidade de água

Um bom planejamento é crucial para aproveitar melhor os recursos naturais que são fornecidos. Para isso, é crucial conhecer a relação das épocas de chuva e a disponibilidade de água durante todo ano. Além disso, é indicado estudar sobre as demandas e necessidades de cada cultura.

Dessa maneira, é possível otimizar o consumo hídrico e corrigir eventuais processos que provoquem desperdício. Então, com a relação da disponibilidade de água da fazenda durante o ano todo e com o calendário de consumo hídrico de cada cultura, é possível traçar um plano que diminua a necessidade de irrigar a propriedade.

Você também pode adotar medidas de captação de água da chuva, garantindo a abundância do recurso mesmo em períodos de seca. São alguns exemplos:

  • calhas;
  • cisternas;
  • filtros;
  • reservatórios.

O investimento é interessante tanto do ponto de vista ambiental, já que preserva os recursos naturais, quanto do econômico, visto que gera um bom retorno em pouco tempo, reduzindo os gastos da propriedade com água.

Usar a irrigação inteligente

Como você viu, a necessidade de desenvolver áreas irrigadas pode ser variável conforme cada região do país. Em alguns casos, o solo receberá irrigação natural por meio das chuvas e, dessa maneira, é possível aproveitar ao máximo esse recurso fazendo um bom manejo do solo e do planejamento de culturas.

O sistema adotado na lavoura também influencia na demanda e no consumo de água durante a produção. A técnica de gotejamento é tida como uma das mais eficientes, já que reduz em até 80% o uso da água, mantendo o bom desempenho das plantas e proporcionando mais eficiência para a lavoura.

A irrigação por gotejamento se utiliza de mangueiras posicionadas na base das plantas. Dessa forma, é possível depositar o insumo diretamente na raiz da cultura, evitando evaporação e deriva. Isso é o que reduz o desperdício.

Outros métodos usados são a aspersão e a microaspersão, que também têm o foco de diminuir o desperdício. Esses recursos são controlados e localizados, entretanto, contam com uma vazão um pouco maior na saída d’água.

Em geral, esses mecanismos têm um grande potencial de diminuir o consumo de água nas lavouras, uma vez que mantêm o solo úmido e as plantas em pleno desenvolvimento. Isso poupa água e recursos financeiros do produtor, além de garantir uma lucratividade maior ao final da safra.

Explorar novas tecnologias de cultivos dinâmicos

O manejo do solo também fará toda a diferença no melhor aproveitamento dos recursos hídricos da propriedade, principalmente no que diz respeito à conservação de água sob a terra. Ao optar por técnicas recomendadas para cada tipo de solo, você tem o melhor aproveitamento dele, o que pode resultar em:

  • melhor disponibilidade de água para as plantas;
  • mais armazenamento do recurso no solo;
  • mais qualidade das bacias hidrográficas;
  • preservação das características do solo.

Quanto melhor manejado o solo, melhor ele conseguirá receber irrigação, fazendo com que a demanda por novas aplicações diminuam. Além disso, uma estratégia que pode contribuir é optar pelo sistema de cultivo integrado entre lavoura e floresta. Junto das forrações e dos arbustos, essa vegetação ajuda a preservar a umidade do solo.

A rotação de cultura também é um recurso, visto que ela favorece o enriquecimento das propriedades do solo. Com isso, o produtor percebe uma redução expressiva na necessidade de recorrer à irrigação artificial.

Como você viu ao longo de todo este conteúdo, a água é um recurso crucial e indispensável para a subsistência humana e também para a continuidade da agricultura. No entanto, é preciso utilizá-la de maneira estratégica, evitando desperdícios e fazendo uma boa distribuição nas lavouras.

A tecnologia é uma aliada importante, tanto no que diz respeito ao conhecimento sobre as áreas agrícolas e propriedades das plantas, quanto para o monitoramento de fatores como a variação climática e assim por diante. Por isso, o uso de sensores e outros recursos vem sendo cada vez mais incorporado nesses espaços.

Agora, se você gostou de saber mais sobre a gestão da água na agricultura, não deixe de acompanhar o nosso post sobre Clima na agricultura: como usar a previsão do tempo a favor do plantio?

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